martedì 17 marzo 2015

IX - Publicações da Associação IL Presidio - Centro Studi


TEOLOGIA BÍBLICA FUNDAMENTAL

O FUNDAMENTO
DO NOME REVELADO
(Ex 3,14)

Exposição  sintética


Collectio Praesidium Bahiense n.1
Edições São Bento, Salvador Bahia, Brasil, 2003; pp. 88

    Síntese

A obra representa uma exposição sintética da obra maior: «A revelação do Nome divino ‘na sarça’, Anúncio de Escatologia e fundamento de Ecumenismo» apresentada pelo autor como tese de doutorado na Itália (1993).
Entre outros testemunhos a respeito desta obra, pode-se lembrar a do então Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da S. Congregação pela Doutrina da Fé:
« ... Pude apreciar a vastidade da análise conduzida pelo Senhor em âmbitos diferentes e com metodologias complementares. O percurso desenvolvido e as numerosas iluminações que ele oferece me interessaram muito e acredito que terão uma fecundidade no aprofundamento da relação entre o mistério de Deus e o mistério da ressurreição. Enquanto lhe desejo de poder continuar com fruto a sua atividade de pesquisa a serviço da Igreja toda, aproveito a ocasião para estender-lhe distintos obséquios» (Cidade do Vaticano, 20.12.1993).


  Apresentação
          do Prof. Giorgio Borghi*

É grande a satisfação em ver finalmente traduzido para o português um escrito do Prof. Francesco Bindella. Embora filhos da mesma “terra nostra”, nos conhecemos somente aqui no Brasil e foi na função de tradutor das aulas dele, no Curso de Especialização em Pneumatologia, promovido pelo Instituto de Ciências Religiosas “Lumen Christi”, que fui descobrindo, com crescente interesse, a originalidade e a riqueza do trabalho por ele desenvolvido. Junto com os alunos do referido Curso, a cada aula, vinha me surpreendendo com a descoberta de novidades impensadas e inesperadas, em textos bíblicos tantas vezes lidos e meditados. Isso graças, também, a uma analise crítica muito cuidadosa (diria até amorosa) das traduções, que às vezes deformam, até teologicamente, o sentido do texto original.
Bindella tem a arte de um guia turístico que nos conduz a passear por uma cidade que já conhecemos (assim, pelo menos, acreditamos) e surpreendentemente nos revela, a cada esquina, detalhes de grande valor que nunca tínhamos reparado, e panoramas deslumbrantes que nunca tínhamos parado para observar. 
O presente texto representa uma pequena amos­tra de uma reflexão bem mais amplamente desenvolvida pelo autor em obras que são frutos de vários anos de pesquisa conduzida com rigor científico e com profunda sensibilidade espiritual. Quando foi publicada a obra, à qual a presente publicação se inspira, o então Presidente Emérito da Associação Teológica Italiana, Mons. Luigi Sartori, escrevia: «O autor coloca uma ‘racionalidade’ extrema à serviço de uma fé igualmente extrema, fé radical até à abertura da experiência mística» (Studia Patavina, 4 –1994).
Estas páginas nos oferecem uma reflexão sobre a centralidade teológica e a inesgotável riqueza da revelação do Nome na sarça ardente, criando uma ligação extremamente interessante entre esta revelação e o Mistério Pascal de Cristo.
A originalidade com que o Prof. Bindella trata do assunto abre novos horizontes, tanto para a pesquisa teológica como para a própria espiritualidade. São novos horizontes que permitem também um novo olhar ecumênico, particularmente significativo na Bahia de Todos os Santos, onde o catolicismo é particularmente inclusivo e universal, convivendo, de uma forma talvez única no mundo, com o sincretismo e a policromia das manifestações religiosas contemporâneas.
O Prof. Bindella costuma dizer que a Bahia é uma terra muito “pentecostal”, no sentido de uma terra em que podemos encontrar bem presentes muitos sinais da contínua manifestação do Espírito no nosso mundo.
Na VI Semana de Mobilização Científica (SEMOC) da Universidade Católica do Salvador o Prof. Bindella ministrou um mini-curso com o tBblicatulo «Fome da Palavra de Deus». Aproveitando a imagem da fome, imagino este pequeno texto como um tira-gosto que desperta o apetite: apetite de mais aproximação aos textos bíblicos,  para conhecer mais a fundo a riqueza da divina revelação; apetite de uma renovada espiritualidade e vivência eclesial; apetite, também, de espaços e momentos ulteriores em que aproveitar mais da competência e disponibilidade do Prof. Bindella.       

* Professor de Filosofia na Universidade Católica de Salvador Bahia.

  Recenção
         da Revista «Análise & Síntese», Revista de Filosofia e Teologia do Instituto Teologico S. Bento, Ano II-2003, n. 4, Salvador   
         Bahia; autor Dom Gregório Paixão OSB.

O texto, produzido pelo teólogo italiano Francisco Bindella, representa uma pequena amostra de uma reflexão bem mais amplamente desenvolvida pelo autor em obras que são frutos de vários anos de pesquisa conduzida com rigor científico e com profunda sensibilidade espiritual.
Sobre o texto que deu origem ao presente tradução, LuigiSartori (Presidente Emérito da Associação Teólogica Italiana) escreveu: «O autor coloca uma ‘racionalidade’ extrema a serviço mde uma fé igualmente extrema, fé radical até à abertura da experiência mística. Estas páginas nos oferecem uma reflexão sobre a centralidade teológica e a inesgotavel riqueza da revelação do Nome na sarça ardente, criando uma ligação extremamente interessante entre esta revelação e o Mistério Pascal de Cristo».
A originalidade com que trata do assunto abre novos horizontes, tanto para a pesquisa teológica, como para a própria espiritualidade. São novos horizontes que permitem também um novo olhar ecumênico, particularmente inclusivo e universal, convivendo, de uma forma talvez única no mundo, com o sincretismo e a policromia das manifestacoes religiosas contemporâneas.


  Índice

Prefácio

  Capítulo I°

A REVELAÇÃO DO NOME DIVINO ‘SOBRE A SARÇA
Estado geral da questão

§ 1.        Importância do Nome no âmbito bíblico
O Nome na magia
O  Nome na literatura contemporânea
Conseqüências hermenêuticas
§ 2.        O Nome revelado
§ 3.        A pergunta de Nome dirigida a  ’Elohîm
§ 4.        A interpretação do Nome na tradição
§ 5.        As principais propostas interpretativas
§ 6.        Interpretação cristológica
§ 7.        O estado de impasse da exegese na ordinária
assimilação de ‘Ehjeh ‘Ašer ‘Ehjeh a Jhwh
§ 8.        Sobre o discernimento necessário entre
Ehjeh ‘Ašer ‘Ehjeh e Jhwh
a) O Nome revelado em primeira pessoa  
Excursus:  O conhecimento 'no Nome' 
               b) O relevo de uma estrutura subjacente
à expressão do Nome
§ 9.        Premissas à leitura interpretativa proposta
               a) «Ouvir (/ sentir) e ver»: uma constante
na experiência teofânica bíblica
b) O conceito de ‘Voz’ em relação ao Nome
               c) A estrutura formal da expressão
               ‘Ehjeh ’Ašer   ‘Ehjeh 

  Capítulo II°

A LEITURA INTERPRETATIVA PROPOSTA
§ 1.        Os termos próprios 
§ 2.        Sobre o conceito de Voz e de Eco de Voz
§ 3.        A Voz e o médium de ressonância
§ 4.        O Nome divino ‘na sarça’ revelado fundamento
ao mistério de morte-ressurreição
§ 5.        ‘Ehjeh ’Ašer ‘Ehjeh em relação aos termos
teologais do Mistério Trinitário

  Capítulo III°

JESUS NA SUA IDENTIFICAÇÃO NO «EU SOU»
               Premissa 
§ 1.        Além do Nome «Jesus» 
§ 2.        Jesus ‘exegeta’  do Nome
               A) O Eu Sou no kerigma pre-pascoal
§ 3.        O Eu Sou atestante a natureza divina
            e inclusivo do mistério de morte-ressurreição 
§ 4.        O 'Eu Sou' - Verbo
§ 5.        As identificações de Jesus no 'Eu Sou'
de forma predicativa
§ 6.        Os pseudo-cristos e a sua pretensa
identificação no Eu Sou
B)   O ‘Eu Sou’ no kérigma post-pascoal
§ 7.        O Ressuscitado-‘Eu Sou’ ou seja o «Vivente»
§ 8.        As manifestações do Ressuscitado-Eu Sou
               como «Aquele que E’»

  Capítulo IV°

A PNEUMATOLOGIA SOBRE O FUNDAMENTO DO NOME
§ 1.        «O Espírito enviado no Nome» 
§ 2.        O Pentecostes, manifestação da Voz 
§ 3.        A prerrogativa ecumênica da Voz ou seja do Nome .... 78
§ 4.        A resurreição em relação à Voz 
§ 5.        Da Cruz à Voz sobre o fundamento
da «Pedra do Nome»


 Da Introdução

            Na fé comum hebraica e cristã e também islâmica, a revelação do Nome divino «‘Ehjeh ’Ašer ‘Ehjeh» = «Sou Aquele que Sou» na teofania da ‘sarça ardente’, representa em todo o arco do Antigo Testamento o degrau supremo da revelação que o Deus de Israel tinha participado ao homem. Também, dos vários nomes divinos veterotestamentários: ’Elohîm, Jhwh, El Shadday, etc, ele é o único que tinha sido objeto de uma revelação específica já que, em todo o arco da Escritura, nunca mais ele recorrerá nesta sua completa formulação.
         Desde o início desta pequena exposição, será conveniente recordar a importância significativa que o nome apresentava no âmbito da cultura hebraica e no uso bíblico. Mais do que um apelativo convencional lingüístico, ele era considerado como expressivo da íntima essência da pessoa (ou coisa) designada, tanto que podia manter-se válido o dito: «Dize-me como te chamas e eu te direi quem és», ou então: «A pessoa é como se chama».  
Um exemplo emblemático, comumente aduzido, é aquele de Nabal que significa ‘estulto’: «Nabal é o seu nome - lê-se em 1 Sm 25,25 -  e estultícia (nebalah) está com ele».
            Desde o início do texto bíblico, os nomes pessoais apresentam um significado essencial, são expressivos da natureza íntima da pessoa designada e do particular papel que ela exerce no quadro da ‘historia salutis’ (assim Eva: Gn 3,20; Caim: Gn 4,1; Noé: Gn 5,29; a cidade de Babel: Gn 11,9 etc).

            As histórias dos patriarcas apresentam explicações etimológicas abundantes: Isaac recorda a risada de Abraão (Gn 17,17) e Sara (18,12;21,6); Jacó é aquele que astutamente agarra o calcanhar (Gn 25,26; 27,36; Os 12,4) e o seu irmão Esaú se chama Edom, porque era avermelhado (‘adômî: Gn 25,25) e tomou a ‘sopa avermelhada’ (25,30).

«Podemos assim dizer - escreve H. Bietenhard à conclusão de um exame sobre o significado do nome para as outras religiões em geral - que o nome é uma potência estritamente conexa com aquele que o carrega e que faz conhecer a essência; quando o nome é pronunciado ou invocado, a energia potencial de que é composto se transforma em energia atual». «O nome não é somente uma designação; é a essencialidade reduzida a palavra».

         Há, inclusive, alguns casos em que o próprio Jhwh intervém para mudar o nome a um eleito: é o caso de Abraão (de Abram a ‘Abraham: Gn 17,5), Sara (de Saray a Sarah: Gn 17,15) e de Jacó (de Ya’aqob a Yisra’el: Gn 32,28), enquanto para Isaac dá-se a imposição de nome no nascimento (Yitschaq: Gn 17,19).
         Há também o caso, único, de mudança de nome a uma cidade: Jerusalém em perspectiva escatológica (Is 1,26; 62,2; Zc 8,3) e que, em relação a Abraão, Isaac e Jacó, será dita «preparada por Deus para eles» (Hb 11,6) qual objeto de sua herança, a eles associada no dom de um nome novo.

            A mudança de nome a um homem por parte de Deus na Escritura é, ao mesmo tempo, profecia e investidura de fundação pela qual o eleito é constituído fundador e chefe em sentido orgânico: fundador de uma instituição de origem divina destinada a penetrar e a se perpetuar na história elevando-a a ‘história da salvação’; chefe, no sentido que tal direta iniciativa divina impõe uma ordem salvífica orgânica pela qual o eleito se torna lugar de incorporação para as multidões.
         Em conseqüência do evento de ‘nominação’ ou seja do dom do nome novo por parte de Jhwh a Abraão (‘um’ com Sara > Is 51,2; Hb 11,12), Isaac e Jacó, estes virão a constituir (aquela que temos definido) a ‘tríade de fundação da aliança’, lugar eleito de incorporação  para as multidões que deles teriam descido. Em relação a eles, constituídos na nova identidade e dignidade representada pelo dom do nome novo, «Deus - acrescentará ousadamente a Carta aos Hebreus - não se envergonha de ser chamado ‘Deus deles’» (Hb 11,16).   

Nessun commento:

Posta un commento

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...